quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Gotas de Luz


A Lei do Trabaho


Necessidade do Trabalho

O trabalho é uma lei da natureza e, por isso, é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas necessidades e os seus prazeres (*LE, 674). Como decorrência, o fato de ter que trabalhar concorre para o desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais e morais.

O trabalho, no entanto, não se restringe apenas ao esforço de ordem material, porquanto toda ocupação útil é trabalho (LE, 675), sejam atividades intelectuais, sejam morais, e é neste sentido que se diz que o Espírito também trabalha. Em razão da sua natureza corpórea, e objetivando o aperfeiçoamento de sua inteligência, o trabalho é imposto ao homem como condição essencial para o seu desenvolvimento moral e espiritual. Sem o trabalho, o homem permaneceria na infância intelectual (LE, 676), embora, em certos casos, possa também ser considerado como uma expiação, tendo em vista a sua condição evolutiva.

Assim como o homem, os animais também trabalham de acordo com sua inteligência limitada às necessidades da conservação de cada espécie. Seu trabalho também concorre para a realização do objetivo final da natureza, pois todos têm o seu papel a cumprir. Mas, enquanto o trabalho dos animais é meramente instintivo, e portanto sem progresso algum, para o homem tem uma dupla finalidade: a conservação do corpo e o desenvolvimento do pensamento, que é também uma necessidade que o eleva acima de si mesmo (LE, 677).

Nos mundos mais aperfeiçoados o trabalho é menos material, porque a natureza do trabalho é relativa à natureza das necessidades; sendo estas menos materiais, segue-se que menos material será o trabalho a desenvolver-se; ninguém, porém, permanece inativo ou ocioso. Mesmo o homem que possui bens suficientes para assegurar sua subsistência, terá que trabalhar; terá sempre um dever moral a cumprir, um trabalho moral a executar, pois a riqueza poderá tornar-se uma bênção de Deus, desde que bem utilizada em benefício do próximo.

Portanto, embora tal situação privilegiada lhe permita ficar dispensado do trabalho material, não o desobriga de ser útil na proporção de seus meios, de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que é também um trabalho (LE, 679); segundo a lei natural, cada um deve tornar-se útil, na proporção de suas faculdades.

Os pais devem trabalhar para os filhos e os filhos para os pais, porque Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural, a fim de que, por essa afeição recíproca, os membros de uma mesma família sejam levados a se auxiliarem mutuamente (LE, 681). A Doutrina Espírita esclarece que a paternidade e a maternidade são missões, e que, portanto, compete aos pais a formação do caráter de seus filhos.

Da mesma forma existe o amor filial regido por leis divinas, para estimular a afeição àqueles que proporcionaram a vida encarnada aos filhos, e por isso a importância do "honrar pai e mãe". Assim sendo, trabalhar pelos pais, sustentando-os ainda que nas maiores tribulações, é um dever fundamental. É através deste trabalho que muitas consciências se enobrecem ou se perdem quando se buscam saídas fáceis, sem trabalho, como por exemplo, o internamento dos pais em asilos.

Limite do Trabalho e Repouso

O limite do trabalho é o limite das forças; não obstante, Deus dá liberdade ao homem (LE, 683); assim, cabe a ele impedir que haja excesso de trabalho, pois todo abuso que se cometa, quer imposto pelo próprio interessado, quer pela sujeição a que submete seu próximo, confïgurar-se-á em transgressão à lei de Deus.

O homem consciente de seus deveres deverá mobilizar todos os recursos disponíveis ao seu alcance, para evitar a exploração do seu semelhante através de uma sobrecarga de trabalho, concorrendo assim para que haja justiça social.


Repouso:

O repouso, constituindo-se em uma lei da natureza, é necessário após o trabalho, não só para refazer as forças do corpo, como também para dar um pouco mais de liberdade ao Espírito, para que possa elevar-se acima da matéria. O forte deve trabalhar para o fraco; na falta da família, a sociedade deve ampará-lo: è a lei da caridade (LE, 685a). É assim que em uma relação social elevada, os homens devem compensar-se uns aos outros, na busca da fraternidade e na organização de uma sociedade cristã de fato.

A sociedade, através de seus membros, deve organizar-se de tal modo a proporcionar ocupação para todos; além disso, é necessário cuidar da educação do homem: não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos (LE, 685a).

Assim, trabalhar não é sofrer, mas progredir, evoluir, e portanto, conquistar a felicidade; a Doutrina Espírita propicia a todos quantos queiram trilhar o caminho do bem, diretrizes oportunas quanto ao que fazer com o tempo livre, de modo a conciliar o lazer e o descanso com atividades altruístas que engrandeçam espiritualmente.


Bibliografia: Livro dos Espíritos, 682ªa a 685ª

(*LE : Livro dos Espíritos)

Continua no próximo Gotas de Luz o Tema “Leis Divinas e Naturais”

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