terça-feira, 29 de março de 2011

O Suicídio



Por Domício Magalhães Maciel



A vida, que Deus nos deu, atendendo à nossa escolha, mesmo inconsciente, tem por objetivo, tornar-nos melhor, reconciliar-nos com os nossos adversários, enfim, promover nosso progresso espiritual, como nos ensina os Espíritos Superiores, em resposta à questão nº 132 do Livro dos Espíritos, sobre o objetivo da encarnação: “Seu fim é conduzi-los à perfeição: para uns é expiação, mas, para outros, missão. Contudo, para atingirem a perfeição, têm eles de sofrer todas as vicissitudes da existência corporal e nisso é que consiste a expiação....”. De outro modo, nos dá oportunidade de colaborar com o projeto divino de fazer deste mundo, um mundo melhor.

Dentro da programação estabelecida para nós, em cada existência, em linhas gerais, são previstas as duras provas que teremos que passar com vista à nossa promoção na hierarquia espiritual. Por muitas vezes o ser humano se depara com situações por demais desesperadoras, que o leva a refletir sobre a sua impotência diante de Deus e da vida. Muitos nesta situação, não tendo coragem para enfrentar o problema, se despojam do corpo físico, achando encontrar neste ato, uma solução para o problema. Que engano, pois aqueles que buscaram uma saída “fácil”, destruindo seu corpo físico, vêm através de um outro, o médium, dizer: “oh!!... continuo a viver, que decepção!!!”. O Sofrimento é grande, e só uma nova existência para recompor o corpo espiritual afetado pelo ato tresloucado.

Os Espíritos Superiores nos esclarecem que as causas que levam um indivíduo a se suicidar são as mais diversas possíveis, mas essencialmente se resume, “na ociosidade, na falta de fé e, frequentemente, na saciedade” (1), e somando a estas, temos as obsessões, que arrastam muitos às raias do suicídio.

O indivíduo que não espera nada do futuro e ao mesmo tempo absorve as ideias materialistas, se vê estimulado a se suicidar, pois para ele o nada e o futuro são a mesma coisa. Convencido destas ideias, o descrente foge de uma situação aflitiva para cair, sem saber, em outra infinitamente mais aflitiva, de maneira inenarrável, como os próprios suicidas, do plano espiritual, nos informam.

Para o suicida “Não existem castigos determinados e, em todos os casos, correspondem sempre às causas que o determinaram. Há, porém, uma consequência a que o suicida não pode escapar: o desapontamento.” (2) “... O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se haver arrojado na morte!.” (3)

Entretanto, as consequências imediatas do suicídio, para o Espírito, são as mais terríveis possíveis. Primeiro, o corpo espiritual ainda impregnado dos fluidos animalizados do corpo físico, se ressente de todas as impressões da decomposição deste, sentindo, ainda, os vermes corroerem o mesmo; o estado em que ficou o corpo material, fica refletido no corpo espiritual, por tempo indefinido; mentalmente, o Espírito revê todas as cenas que culminaram com o suicídio, repetidas vezes. Este sofrimento dura mais ou menos o tempo que restava para encerrar aquela existência. O único bálsamo que alivia sua dor, são as preces que partem daqui em seu favor.

Se o Espírito encarnado é um crente na vida futura e conhecedor dos ensinamentos do Cristo, ele encontra nos Evangelhos as medidas profiláticas contra o suicídio. Basta buscar o “Sermão da Montanha” (São Mateus, Cap. V, v.3-11), que o mesmo encontrará esperanças, forças para dar continuidade à sua vida, mesmo que às duras penas. Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier, corrobora: “Ainda que não possas marchar livremente com o teu fardo, avança com ele, mesmo que seja um milímetro por dia....”

Por outro lado, se o crente for um estudioso Espírita, suas forças são aumentadas, pois é conhecedor da vida após a morte e sabedor das consequências de um ato tão hediondo, como é o suicídio. O Estudo do Espiritismo, fortalece a fé do cristão, que cada vez mais valoriza sua vida como trampolim de sua ascensão espiritual. O Espiritismo o conscientiza da sua responsabilidade em relação a própria evolução.

Resta-nos perguntar: quando o suicídio será erradicado da face da terra? Acreditamos que isso se dará quando a humanidade estiver integrada nos planos divinos, ou seja, nos planos da vida eterna.


[1] Livro dos Espíritos, Questão nº 943.

[2] Idem, Questão nº 957.

[3] PEREIRA, Yvonne A. Os Réprobos. In “Memórias de um Suicida” 1ª Parte. Cap. I. O Vale dos Suicidas, p. 17.

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