quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Velocidade do Tempo e das Escolhas


Tem sido muito comum e generalizado o comentário: “meu Deus, como o tempo está passando rápido”; “nossa, já é Natal novamente”; “céus, meu dia não rende mais, não tenho mais tempo pra nada” – e assim por diante. Ouvem-se tais afirmações de pessoas de todas as idades, vivendo nas mais diversas situações, atuando nos mais diversos meios ou simplesmente já em fase de afastamento do que se chama “vida ativa”, isto é, os aposentados; e também daqueles que ainda estão no início de sua nova fase reencarnatória.

Todos que ouvimos notícias, lemos jornais e revistas, assistimos a noticiários, acessamos a internet, temos tido a oportunidade de ler, ver ou ouvir a respeito da “Ressonância Schurmann”, teoria já em estudo por vários cientistas e que demonstra a aceleração da pulsação do Universo, em geral – o que significa, em termos de avaliação desses cientistas, que o tempo, como o conhecemos aqui em nosso planeta, está passando mais rápido; que o dia antes correspondendo, de acordo com o ritmo de pulsação existente até pouco tempo, a 24 horas, hoje se restringe a 16 horas...

Isso nos parece de difícil compreensão, visto que poucos de nós temos o conhecimento necessário de Física e de Física Quântica que possa nos auxiliar a entender essa teoria, praticamente comprovada. Contudo, o que podemos constatar é que efetivamente o tempo parece estar passando muito mais rápido para todo o mundo que conhecemos – todos reclamam dessa “sensação” (ou não será sensação?), sem que se possa definir por que sentimos esse efeito.

A verdade é que se verifica uma “aceleração” na ocorrência dos fatos do nosso entorno e no mundo; é certo também que a mídia hoje é muito mais atuante e invasiva, gerando a impressão de uma proximidade maior entre criaturas e situações de todas as partes do mundo. Isso cria ainda uma monumental carga de informações que nos obriga a trabalhar num processo de assimilação e, quando necessário, de utilização, também muito mais rápida dessas informações.

No início do mês de outubro, dia 02 exatamente, estive em um congresso sobre mediunidade nos dias atuais, em que um companheiro de ideal, André Trigueiro, chamou a atenção para o efeito do excesso de energia consumida sem retorno real para o crescimento espiritual, quando levantou o problema da dispersão da atenção e do foco, originada pelo uso abusivo dos meios de comunicação e entretenimento hoje ao nosso alcance, inclusive ressaltando uma questão digna da maior reflexão de nossa parte: “maior dispersão: armadilha espiritual” – o que pode ser resultado de processo obsessivo ou mesmo anímico.

Citou ainda a advertência de Muniz Sodré, professor doutor titular da Escola de Comunicação da UFRJ: “A multiplicidade dos fatos informativos não resulta no aperfeiçoamento do cidadão”. Nós, espíritas, só podemos concordar com essa afirmativa – não é a teoria que nos promove a elevação espiritual, mas sim o bom uso dessa teoria, se ela for boa, logicamente! Não basta conhecermos de cor toda a Codificação Espírita, em que fulgura a moral do Cristo na vivência das Leis Divinas, se não nos dispusermos, mesmo com dificuldades e percalços, a lutar o “bom combate” ao qual se referia Paulo de Tarso, ou seja, a “envidar todos os esforços para vencer as nossas más inclinações e nos melhorarmos”.

Não se trata obviamente de fechar os olhos e os ouvidos para não tomar conhecimento dos fatos e dados que o progresso científico-cultural nos proporciona, mas de qualificar e não de quantificar as nossas escolhas; de fazer um melhor planejamento das nossas atribuições e compromissos e melhor adequá-los às nossas possibilidades e condições de bem atendê-los; de fazer uso inteligente dessas possibilidades e condições, no sentido de proporcionar oportunidades de crescimento intelectual e moral e, promover assim, a nosso favor e a favor dos que caminham conosco, um avanço mais tranquilo e seguro na estrada evolutiva.

Sabemos que as etapas reencarnatórias são transitórias, que as existências físicas são experiências necessárias à conquista de atributos imperecíveis para o bom relacionamento de criaturas nos dois planos da vida, criaturas imortais e com a eternidade ao seu dispor; assim, cabe-nos a responsabilidade de estabelecer estratégias de procedimentos benéficos, gerindo, da melhor forma possível, as novas situações que o avanço tecnológico, científico e intelectual nos oferece.

Cada vez mais se faz necessário encontrar tempo, apesar do “pouco tempo”, para o autoexame, a autoanálise, o tão conhecido “conhece-te a ti mesmo” – e isso é fruto de reflexão, de meditação, de avaliação criteriosa e sincera de nós mesmos em todos os aspectos; cada vez mais, faz-se necessário “o amar a si mesmo”, tal como o Mestre Jesus nos recomendou: não com egoísmo e orgulho, mas com respeito e carinho para com os “deuses” que somos, “capazes de fazer tudo o que Ele fez e muito mais”, não permitindo que excessos ou carências de qualquer tipo possam retardar indefinidamente a nossa ascensão.


Doris Gandres

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