sábado, 9 de março de 2013

A Comunicabilidade dos Espíritos


A Comunicabilidade dos Espíritos com os encarnados não é um fato recente, mas antiquíssimo, com a única diferença que no passado era apanágio dos chamados iniciados e na atualidade, com o advento do Espiritismo, tornou-se fenômeno generalizado a todas as camadas sociais.

A possibilidade dos Espíritos se comunicarem é uma questão muito bem estabelecida, resultante de observações e experiências rigorosamente realizadas por eminentes pesquisadores.

Os Espíritas não têm dúvidas a este respeito; porém, determinados companheiros que abraçam correntes religiosas diferentes da Doutrina Espírita, procuram criticá-la chamando a atenção, entre outras coisas, sobre a proibição mosaica de evocar os mortos.

Na lei mosaica está escrito: “(...) Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores, não os busqueis, contaminando-vos com eles: eu sou o Senhor vosso Deus. (...)” (07) “(...) Quando, pois algum homem ou mulher em si tiver um espírito adivinho, ou for encantador, certamente morrerão; com pedras se apedrejarão; o seu sangue é sobre eles.” (08)

“(...) Não achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor, e por estas abominações o Senhor teu Deus as lança fora de diante dele. (...)” (06)

“Se a lei de Moisés deve ser tão rigorosamente observada neste ponto, força é que o seja igualmente em todos os outros. Por que seria ela boa no tocante às evocações e má em outras de suas partes? (...) Desde que se reconhece que a lei mosaica não está mais de acordo com a nossa época e costumes em dados casos, a mesma razão procede para a proibição de que tratamos.

Demais, é preciso entender os motivos que justificavam essa proibição e que hoje se anularam completamente. O legislador hebreu queria que o seu povo abandonasse todos os costumes adquiridos no Egito, onde as evocações estavam em uso e facilitavam abusos (...).” (01)

A proibição de Moisés foi mais para conter um comércio grosseiro e prejudicial com os desencarnados. Os Israelitas necessitavam de uma ação mais disciplinadora porque, além do mais “(...) a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição. (...)”

Naquela época, aliada à prática pura e simples de evocar os mortos, havia um verdadeiro comércio com os adivinhadores “(...) associadas às praticas da magia e do sortilégio, acompanhadas até de sacrifícios humanos. (...)” (02) A proibição, tinha, pois, razão de ser.

Nos dias atuais, o ser humano adquiriu novas conquistas, o progresso se fez pelo predomínio da razão e, a prática de intercâmbio espiritual ou mediúnica, defendida pelo Espiritismo, tem outras finalidades: moralizadora, consoladora e religiosa.

“(...) A verdade é que o Espiritismo condena tudo que motivou a interdição de Moisés; (...)” (02) os espíritas não fazem sacrifícios humanos, não interrogam astros, adivinhos e magos para informarem-se de alguma coisa, não usam medalha, talismã, fórmulas sacramentais ou cabalísticas para atrair ou afastar Espíritos.

O Espírita sincero sabe que “(...) O futuro é vedado ao homem por princípio, e só em casos raríssimos e excepcionais é que Deus faculta a sua revelação. Se o homem conhecesse o futuro, por certo que negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade. (...)” (04)

A evocação dos Espíritos exercida na prática espírita tem o fito de receber conselhos dos Espíritos superiores, de moralizar aqueles voltados para o mal e continuar com as relações de amizades e amor entre entes queridos que partilharam, ou não, a vivência reencarnatória.

Pelas orientações instrutivas e altamente moralizadoras fornecidas pelos benfeitores espirituais, pelo valioso aprendizado oferecido pelos desencarnados sofredores, conclui-se que a prática mediúnica, é um fator de progresso humano pelos benefícios que acarreta.

“(...) Sem dúvida, poderoso instrumento pode converter-se em lamentável fator de perturbação, tendo em vista o nível espiritual e moral daquele que se encontra investido de tal recurso.

Não é uma faculdade portadora de requisitos morais. A moralização do Médium libera-o da influência dos Espíritos inferiores e perversos, que se sentem, então, impossibilitados de maior predomínio por faltarem os vínculos para a necessária sintonia. (...)” (09) “Repelir as comunicações de além-túmulo é repudiar o meio mais poderoso de instruir-se, já pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já pelos exemplos que tais comunicações nos fornecem. A experiência nos ensina, além disso, o bem que podemos fazer, desviando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a desprenderem-se da matéria e a se aperfeiçoarem. Interdizer as comunicações é, portanto, privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos dispensar. (...)”. (03)


MEDIUNIDADE E SERVIÇO AO PRÓXIMO

Aspiras ao desenvolvimento da mediunidade para mais fácil intercâmbio com o Plano Espiritual. Isso é perfeitamente possível; entretanto, é preciso lhe abraces as manifestações, compreendendo que ela te pede amor e dedicação aos semelhantes para que se transforme num apostolado de bênçãos.

Reconhecerás que não reténs com ela um distrito de entretenimento ou vantagens pessoais e sim um templo-oficina, através do qual os benfeitores desencarnados se aproximam dos homens, tão diretamente quanto lhes é possível, apontando-lhes rumo certo ou lenindo-lhes os sofrimentos, tanto quanto lhe utilizarás os recursos para socorrer desencarnados, que esperam ansiosamente quem lhes estenda uma luz ao coração desorientado.

Receberás com ela não apenas a missão consoladora de reerguer os tristes, mas também a tarefa espinhosa de suportar, corajosamente, a incompreensão daqueles que se comprazem sob a névoa do materialismo, muita vez interessados em estabelecer a dúvida e a negação para obterem, usando o nome da filosofia e da ciência, livre trânsito nas áreas de experiência física, em que a fé opõe uma barreira aos abusos de ordem moral.

Nunca lhe ostentarás a força com atitudes menos dignas, que te colocariam na dependência do mal, e, ainda mesmo quando ela te propicie meios com os quais te podes sobrepor aos perseguidores e adversários, tratá-los-ás com o amor que não foge à verdade e com a verdade que não desdenha o equilíbrio admitindo que não te assiste o direito de te antepores à justiça da vida.

Terás a mediunidade por flama de amor e serviço, abençoando e auxiliando onde estejas, em nome da Excelsa Providência, que te fez semelhante concessão por empréstimo. E nos dias em que esse ministério de luz te pese demasiado nos ombros, volta-te para o Cristo — o Divino Instrumento de Deus na Terra — e perceberás, feliz, que o coração crucificado por devotamento ao bem de todos, conquanto pareça vencido, carrega em triunfo a consciência tranquila do vencedor. (*)

* XAVIER, Francisco Cândido. Examinando a Mediunidade. In: Encontro Marcado. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro - FEB, 1991 págs. 93-94.

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FONTES DE CONSULTA

01 - KARDEC, Allan. Da Proibição de Evocar os Mortos. In: - . O Céu e o Inferno. Trad. De Manoel Justiniano Quintão, 30ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1992. item 3, pág 156.
02 - Item 4, págs. 157-159.
03 - Item 15. pág. 165.
04 - Intervenção dos Demônios nas Modernas Manifestações. In: . O Céu e o Inferno. Trad.
de Manoel Justiniano Quintão. 30ª ed.. Rio de Janeiro, FEB, 1992. Item 10, pág. 143.
05 - O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 75. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1983. Introdução, item 6, p.25.
06 - VELHO TESTAMENTO. In: A Bíblia Sagrada. Trad. Por João Ferreira de Almeida. 42 Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica Brasileira, 1980. Deuteronômio, 18:10 - 12 págs 205- 206.
07 - VELHO TESTAMENTO. In: A Bíblia Sagrada. Trad. Por João Ferreira de Almeida. 42 Ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica Brasileira, 1980.Levítico, 19:31, pág. 126.
08 - Levítico, 20:27. Pág. 127.
09 - FRANCO, Divaldo Pereira. Mediunidade. In: _ . Estudos Espíritas . Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1995. pág. 138.


Fonte: ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

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