segunda-feira, 11 de março de 2013

A Pluralidade das Existências


Objetivos da Reencarnação:


Deus impõe aos Espíritos a reencarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição, passando por todas as vicissitudes da existência corporal. Visa ainda outro fim a reencarnação: o de por o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.

Todos são criados simples e ignorantes (no sentido de que ignora, de que não tem conhecimento) e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. No início, não possuem o conhecimento do bem ou do mal. São dotados do gérmen da inteligência e, com o tempo, adquirem consciência de si mesmos. Sua constituição é abstrata e o modo como foram criados ainda não foi revelado totalmente pelos Espíritos Superiores. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, consequentemente sem mérito.

Daí concluir-se que, os seres considerados eleitos, anjos, arcanjos, querubins e serafins são a representação das almas que já atingiram, pelo seu esforço, graus de elevação espiritual, passando, como não poderia deixar de ser, pelos mesmos estágios inferiores da escala evolutiva.

O atrasado possui inclinações para o mal, inteligência limitada; regozija-se com a violência, compraz-se na vida viciosa. Quando deixa o corpo, os sentimentos o acompanham; com a evolução, ele se vai modificando. As lutas do mundo, os sofrimentos através das existências, é que lhe vão aprimorando a alma.

Como nos ensina Mário Cavalcanti de Melo e Carlos Imbassay, no seu Livro "Reencarnação e suas Provas", a Terra é como escola e um hospital. Vê-se o aluno ir progredindo à proporção que muda de classe, a sua cultura é função do tempo e do estudo; quando o corpo se debilita vai a um hospital, onde o médico lhe cura e restitui as forças.

O Espírito aporta aqui como selvagem ou bárbaro, e continua a sua peregrinação, curando-se no Hospital Planetário, com a terapêutica do sofrimento, ilustrando-se com as lições que recebe de existência em existência, até que, fica livre das vidas materiais e entra para o "Nirvana" dos budistas ou para as regiões de paz; a felicidade consiste nessa tranquilidade dos justos; não a podemos perceber nem vislumbrar, porque nunca a possuímos, envoltos nos turbilhões, no nevoeiro, nas paixões violentas desse mundo onde nos encontramos atolados.

Os Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem nem por isso são Espíritos perfeitos. Não tem, é certo, maus pendores, mas precisam adquirir a experiência e os conhecimentos indispensáveis para alcançar a perfeição. Podemos compará-los a crianças que, seja qual for a bondade de seus instintos naturais, necessitam se desenvolver e esclarecer e que não passam, sem transição, da infância para a fase adulta.

Depende dos Espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente em busca da perfeição, conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Os Espíritos não podem se conservar eternamente nas ordens inferiores; mudam de ordem mais rápida ou demoradamente, porém não podem degenerar. À medida que alcançam, compreendem o que os distancia da perfeição. O espírito ao concluir uma prova fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece. Pode permanecer estacionário durante algum tempo, porém não pode degenerar.

Uma só existência corporal é insuficiente para o espírito adquirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra.

A evolução do Espírito se dá progressivamente, pois ela está intimamente ligada à experiência. Através de lutas expiatórias e provas, o Espírito caminha em busca da própria iluminação e aperfeiçoamento. Ao iniciar sua jornada encarnatória nos primeiros estágios evolutivos, o Espírito sofre todo tipo de influências, boas e ruins. Como é ignorante, suas tendências o levam a vivenciar experiências no campo do erro. Nem todos os Espíritos passam pelo caminho do mal, mas obrigatoriamente passam pelo da ignorância.

O Criador concede ao Espírito a liberdade de ceder ou resistir às más influências. Trata-se do "livre arbítrio". Essa liberdade de agir como bem entende, desenvolve-se à medida em que ele adquire a consciência de si mesmo. Isso faz com que ele tenha o mérito de suas próprias ações.

"Se o homem tivesse sido criado perfeito, seria levado fatalmente ao bem; ora, em virtude de seu livre arbítrio, ele não é fatalmente levado nem ao bem nem ao mal. Deus quis que ele fosse submetido à lei do progresso e que esse progresso fosse o fruto do seu próprio trabalho, a fim de que tivesse o mérito desse trabalho, do mesmo modo que carrega a responsabilidade do mal que é feito por sua vontade". (Allan Kardec – A Gênese, cap. III, item 9).

Deus é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito tantas encarnações quantas necessárias para atingir seu objetivo - a perfeição.

Em cada nova existência, entra o Espírito com o conhecimento adquirido nas anteriores, as aptidões, conhecimentos intuitivos e moralidade. Cada existência é assim um passo avante no caminho do progresso.

A pluralidade das existências, cujo princípio o Cristo estabeleceu no Evangelho, é uma das mais importantes leis reveladas pelo Espiritismo, pois lhe demonstra a realidade e a necessidade para o progresso. Com esta lei o homem explica todas as aparentes anomalias da vida humana; as diferenças de posição social; as mortes prematuras que, sem a reencarnação, tornariam inúteis à alma as existências breves; a desigualdade de aptidões intelectuais e morais, pelo conhecimento que o Espírito aprendeu e progrediu, e traz nascendo, o que adquiriu em suas existências anteriores...

Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhum há que prime, em lógica, ao fato material da reencarnação. Se, pois, a reencarnação se funda numa lei da natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade...

"Sem a preexistência da alma, a doutrina do pecado original não seria somente inconciliável com a justiça de Deus, que tornaria todos os homens responsáveis pela falta de um só, seria também um contrassenso. Com a preexistência o homem traz, ao renascer, o gérmen de suas imperfeições, dos defeitos que não corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos pendores para tal ou tal vício. É esse o seu verdadeiro pecado original, cujas consequências naturalmente sofre a pena de suas próprias faltas, e não as de outros, e com a diferença, ao mesmo tempo consoladora e animadora, de que cada existência lhe oferece os meios de se redimir pela reparação e de progredir, quer despojando-se de alguma imperfeição, quer adquirindo novos conhecimentos e assim, até que, suficientemente purificado, não necessite mais da vida corporal e possa viver exclusivamente a vida espiritual, eterna e bem aventurada.

A reencarnação é um processo de aperfeiçoamento espiritual. A volta do espírito a vida corporal tem um objetivo, não é "ação do acaso", nem "capricho dos céus". Não há experiência reencarnatória sem motivo, ensina o espiritismo.

Allan Kardec na questão 196 do Livro dos Espíritos nos faz um resumo dos objetivos da reencarnação.

Questão 196 – "Não podendo os Espíritos aperfeiçoar-se, a não ser por meio das tribulações da existência corpórea, segue-se que a vida material seja uma espécie de crisol ou de depurador, por onde têm que passar todos os seres do mundo espírita para alcançarem a perfeição?

R. Sim é exatamente isso. Eles se melhoram nessas provas, evitando o mal e praticando o bem; porém, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, conforme os esforços que empreguem; somente após muitas encarnações ou depurações sucessivas, atingem a finalidade para que tendem."

A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento ao corpo, a sua segurança, o seu bem estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a união com a matéria.

Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação.

O pensamento reencarnacionista está inscrito na máxima: Nascer, morrer, renascer ainda, e progredir sempre, tal é a lei.

União da Alma com o Corpo


Há no homem, pois três coisas:

1º - O corpo ou ser material, análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital;

2º - A alma ou ser imaterial - Espírito encarnado ao corpo;

3º - Laço ou perispírito que prende o espírito ao corpo, uma espécie de envoltório semi material.

"Quando o espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, a liga do gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza de certa maneira, neste gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união, nasce então o ser para a vida exterior".

"À medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste se aproxima igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria, deixa de rastejar penosamente pela superfície do solo, menos grosseiros se lhe fazem as necessidades físicas, não mais sendo preciso que os seres vivos se destruam mutuamente para se nutrirem. O Espírito se acha mais livre e tem, das coisas longínquas, percepções que desconhecemos".

"A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Para consegui-lo, ela é obrigada a encarnar grande número de vezes, na terra, a fim de acendrar suas faculdades morais e intelectuais , enquanto aprende a governar a matéria. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até à condição humana, que o princípio pensante conquista, lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre-lhe fazer eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para destinos sempre mais altos".


Os Fundamentos da Justiça na Reencarnação - Necessidade da Reencarnação


A Reencarnação é a mais excelente demonstração da Justiça Divina, em relação aos infratores das Leis, na trajetória humana, facultando-lhes a oportunidade de ressarcirem numa os erros cometidos nas existências transatas.

A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da imortalidade. A evolução do ser indica um plano e um fim. Esse fim, é a perfeição, não pode realizar-se em uma existência só, por mais longa que seja. Devemos ver na pluralidade das existências da alma, a condição necessária de sua educação e de seus progressos. É a custa dos próprios esforços, de suas lutas, de seus sofrimentos, que ela se redime de seu estado de ignorância e de inferioridade e se eleva, de degrau a degrau, na Terra primeiramente, e, depois, através de inumeráveis estâncias do céu estrelado.

A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo é a única forma racional pela qual se pode admitir a reparação de faltas cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de conceber a existência de um Ser que governe o Universo com justiça.

Porque para uns a fortuna, a felicidade constante e para outros a miséria, a desgraça inevitável? Para estes a força, a saúde, a beleza; para aqueles a fraqueza, a doença, a fealdade? Porque a inteligência, a gênio, aqui; e, acolá, a imbecilidade? Como se encontram tantas qualidades morais admiráveis, a para outros tantos vícios e defeitos? Porque há raças tão diversas? Umas inferiores a tal ponto que parece confinar com a animalidade, e outras favorecidas com todos os dons que lhes asseguram a supremacia? E as enfermidades inatas, a cegueira, a idiotia, as deformidades, todos os infortúnios que enchem os Hospitais, os albergues noturnos, as Casas de Correção? A hereditariedade não explica tudo; na maior parte dos casos, essas aflições não podem ser consideradas como um resultado de causas atuais. Sucede o mesmo com os favores da sorte. Muitíssimas vezes, os justos parecem esmagados pelo peso da prova, ao passo que os egoístas e os maus prosperam!

Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer, a semente do passado. Essa semente há de espalhar os seus frutos, conforme a natureza, ou para nossa felicidade ou para nossa desgraça, na nova vida que começa é até sobre as seguintes; uma só existência não basta para desfazer as consequências más de nossas vidas passadas. Ao mesmo tempo, os nossos atos cotidianos, ponte de nossos efeitos, vem juntar-se às causas antigas, atenuando-as ou agravando-as, e formam com elas um encadeamento de bens ou males que, no seu conjunto, urdirão a teia do nosso destino.

O homem constrói o seu próprio futuro.

Reencarnação nem sempre é sucesso expiatório, como nem toda luta no campo físico expressa punição.

Suor na oficina é excesso à competência.

Esforços na escola é aquisição de cultura.

À vista disso, não te habitues a medir as dores alheias pelo critério de expiação, porque, quase sempre, almas heroicas que suportam o fogo constante das grandes dores morais, no sacrifício do lar ou nas lutas do povo, apenas obedecem aos impulsos do bem excelso, afim de que a negação do homem seja bafejada pela esperança em Deus.

O aspecto moral da reencarnação deve merecer sempre uma consideração muito lúcida, justamente porque esse aspecto se reflete na vida familiar, nas relações profissionais, na vida social, enfim. Quem deve, seja onde for, terá que pagar cedo ou tarde. É a Lei. A noção de uma única existência não nos daria uma visão real de justiça no tempo e no espaço. A reencarnação não é portanto, simples questão de crença, mas um princípio lógico, assim nós o entendemos, pois abre à inteligência inquiridora, uma perspectiva de justiça muito mais ampla, através de existências diversas.

Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.

Não obraria Deus com igualdade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez haja encontrado, oriundos do próprio meio onde foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento.

A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o espírita muitas existências sucessivas, é a única que corresponde a ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois nos oferece os meios de resgatarmos nossos erros por novas provações. A razão a indica e os Espíritos a ensinam.

O homem, que tem consciência da sua inferioridade, tem consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele.

O que reanima o homem e lhe dá coragem é a ideia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, vai conquistá-lo. Quantos no final de sua existência reclamam de ter uma experiência que já não pode mais tirar proveito. Entretanto, esta experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em nova existência.



Fonte: Curso de Introdução à Doutrina Espírita

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