sexta-feira, 14 de março de 2014

Um Livro esquecido: A Gênese, de Allan Kardec



Por Orson Peter Carrara


Tesouros imensos de conhecimentos estão presentes nas páginas luminosas do último das cinco obras básicas da Codificação Espírita organizada por Allan Kardec. Seja pelo extraordinário capítulo I – Caráter da Revelação Espírita, com considerações de grave importância para o entendimento da proposta do Espiritismo, seja pelos capítulos II – Deus e III – O bem e o mal, ou pelos preciosos textos do subtítulo Os Milagres (capítulos XIII ao XV) e do subtítulo As Predições (capítulos XVI ao XVIII), a obra precisa ser mais estudada e divulgada.
Embora os capítulos VI a XII possam requerer mais persistência do leitor, não podemos esquecer os capítulos IV – Papel da Ciência na Gênese e V – Antigos e modernos sistemas do mundo e nem dispensar a valiosa Introdução.

Incessante desejo de fazer o bem


Todavia, para motivar o leitor, transcrevo parcialmente o item 2 do capítulo XV – Os Milagres do Evangelho, onde estão os fenômenos ligados à vida de Jesus durante sua permanência no planeta, como as curas (com diversas descrições e comentários de Kardec), os sonhos, a estrela dos magos, dupla vista, o beijo de Judas, a pesca milagrosa, os casos de possessos e das ressurreições da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim; o caminhar sobre as águas, a transfiguração, a tempestade acalmada, a multiplicação de pães, entre outras maravilhosas anotações. Submeto ao leitor a referida transcrição parcial, comentando sobre a superioridade da natureza de Jesus:

“(...) não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada, e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. (...) como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. (...) Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem. Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude de seu poder pessoal (...). Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus”.

Não é extraordinário pensar no alcance da transcrição acima? Nesses tempos de desarmonia, de dificuldades atrozes que assolam o planeta, como não pensar no Modelo e Guia da Humanidade? Como não buscá-lo, segui-lo?

Conforto patente


Por isso busquemos também os capítulos XVI a XVIII de A Gênese, especialmente para nos embasarmos nas lições vivas do Evangelho, ali transcritas e comentadas pela lucidez de Kardec, culminando no último capítulo com a expressiva e confortadora página A geração nova, em texto estruturado na lógica, no bem e na patente presença de Jesus junto à humanidade, indicando a natural condução do amor que nos dirige a caminhada.

(*) Nestes 145 anos de A Gênese, voltemos a estudá-la e divulgá-la, como ela bem merece, assim como as demais mais conhecidas.


(*) Texto publicado no portal O Consolador em junho de 2013, ocasião em que A Gênese completou 145 anos de lançada.

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