segunda-feira, 29 de junho de 2015

Pureza


“Bem aventurados os puros de coração, pois estes verão a Deus”. (Mt.; 5:8)

No conhecido Sermão da Montanha, Jesus mostrou praticamente todas as orientações que indicam o caminho da felicidade. É, com certeza, o melhor manual de autoajuda que temos conhecimento.

Afirmando que somente os puros de coração se aproximarão de Deus, antes do advento do Espiritismo, praticamente havia impossibilidade a todos os seres humanos de terem contato com o Pai. Com exceção de Jesus, jamais houve algum outro ser, que tenha vivido na Terra, que se pudesse afirmar “de coração límpido”. Alguns se aproximaram dos ensinamentos do Mestre, mas nenhum o igualou.

Com o entendimento da reencarnação, compreendemos que a pureza de coração só será adquirida por todas as criaturas nas diversas experiências de vidas sucessivas. Somente quando atingirmos o estágio de espíritos puros é que compreenderemos (veremos) a Deus. Até lá, estamos em contato com espíritos, alguns imperfeitos, outros superiores, de luz, que nos auxiliam orientando, estimulando durante a nossa trajetória terrestre.

Jesus utilizou as crianças como símbolo da pureza, jamais afirmando que o Reino dos Céus é só para elas, mas para aqueles que se assemelham a sua inocência e candura. A criança, sendo um espírito reencarnado, também traz na sua vivência o coração com máculas e erros.

A pureza de espírito é conquistada com simplicidade e humildade. Exclui totalmente o pensamento egoísta e orgulhoso. Ela não está somente nos atos, mas também nos pensamentos: aquele que tem o coração puro, nem mesmo pensa no mal.

O Mestre também ensinou, confirmado posteriormente pelo Espiritismo, que para se atingir a purificação dos sentimentos, não necessitamos de rituais, exigências formais exteriores, nem de uma religião específica. Precisamos de uma mudança de valores internos, de um trabalho consciente e profundo. Como é mais fácil a prática exterior do que a reforma moral íntima, os homens ainda preferem a primeira, achando que cumprindo as formalidades religiosas estarão quites com Deus e, consequentemente, conquistando o Seu Reino.

O propósito da religião é conduzir o ser humano à Deus. Só chegaremos ao Criador quando estivermos na perfeição, a religião cumpre os seus intentos quando auxilia na melhora moral do homem, impulsionando-o na prática da caridade ilimitada, do amor ao próximo e aos inimigos e no perdão das ofensas. Entendendo que não basta morrer para nos tornarmos “santos” e vermos a Deus, cabe a cada indivíduo trabalhar na busca de sua própria perfeição, sem pressa, mas sem comodismos.

Sendo a máxima do Espiritismo “fora da caridade não há salvação”, deve-se praticá-la, pois ela é a mãe de todas as virtudes, nas suas mais variadas formas, para que o espírito se aproxime da pureza, da paz de consciência e, consequentemente, de Deus.

Fonte: Seara do Mestre

sábado, 27 de junho de 2015

Elevação Espiritual



A elevação espiritual não se nos incorpora à vida:
nem pela prosperidade;
nem pela carência
nem pelo renome;
nem pela obscuridade
nem pela cultura intelectual
nem pela insipiência
nem pela autoridade humana;
nem pela condição de subalternidade;
nem pelo ajustamento à vida considerada normal;
nem pelos conflitos psicológicos que se carregue;
nem pelos amigos;
nem pelos adversários
nem pelo apoio do elogio;
nem pelo desapreço da injúria.
A elevação íntima depende unicamente de nossa reação pessoal ao aceitar e usar para o bem tudo isso.


Albino Teixeira

por: Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Felicidade


Todos estão a procura da felicidade. Ninguém diria em sã consciência que não deseja ser feliz.

Todos querem a tal felicidade. Daí porque todos a procuram, nos mais variados lugares e das mais diferentes formas.

Como já disse nosso querido amigo, Divaldo Pereira Franco: "O grande desafio da criatura humana é a própria criatura humana", ou seja, o nosso grande desfio somos nós mesmos, nosso autoconhecimento.

Nós, seres humanos, já viajamos pelo espaço, fomos à lua, descobrimos outros planetas fora do sistema solar. Ainda assim, este homem, guiado pela tecnologia ainda não conseguiu encontrar a plenitude, a felicidade, porque não teve coragem de realizar a grande viagem interior, tentativa mais eficaz para o autodescobrimento. Não logrou realizar alguns questionamentos, tais como: quem é? de onde veio? para onde vai? e porque está aqui?

Cabe ao ser inteligente descobrir na Terra a razão fundamental da própria existência, a fim de estabelecer os parâmetros propiciados da felicidade, de forma a desenvolver a capacidade de crescimento interior, razão primordial da sua auto-realização. Enquanto não se resolva por detectar e aplicar os métodos mais compatíveis para o enriquecimento moral e espiritual, tudo se lhe apresentará sem sentido ou maior significado transformador, tornando-se o trânsito carnal um desafio recheado de desencanto e aflição.

Podemos alcançar a felicidade hoje, agora, a despeito dos problemas que estamos enfrentando. Basta olhar a vida com outros olhos, mudando as lentes pelas quais enxergamos os fatos.

Sabemos que não somos somente aparência material, física. O ser humano é pré-existente ao corpo e a ele sobrevivente. Através desse conceito é que conseguimos entender nossos enigmas, as problemáticas do inter-relacionamento, da dor, do desamor.

A felicidade tem uma conotação diferente para cada criatura, de acordo com o nível intelectual de cada um. Se perguntarmos o conceito de felicidade, teríamos respostas variadas, de acordo com as necessidades de cada um.

Lamentavelmente, não sabe-se o que é felicidade por estarmos, nós seres humanos, vinculados ao material. Não conseguiu-se, ainda, um conceito claro sobre felicidade. Várias escolas filosóficas, vários pensadores, filósofos tentam defini-la.

Por estarmos a maioria, ligados ao material, muitos condicionam a conquista da felicidade à aquisição de bens materiais, outros ancoram o sonho da felicidade na busca da fama, do sucesso, do poder, para outros a felicidade está associada à inexistência de problemas, outros tantos condicionam a felicidade à ocorrência de um fator externo, e a lista prossegue sem fim.

E nós? Será que estamos condicionando nossa felicidade a algum acontecimento? a algum bem material, a alguma pessoa? Será esse o caminho da felicidade? Certamente, não. A felicidade não está fora de nós. Ela é, antes de tudo, um estado de espírito, uma maneira de ver a vida e não a um determinado acontecimento. Ser feliz é uma atitude comportamental frente a execução da tarefa que viemos desempenhar na Terra.

A verdadeira felicidade consiste em fazer o bem, "não é ter ou não ter".

Um dos grandes filósofos da nossa história, afirmou serem três os pré-requisitos para alcançarmos a felicidade: "consciência reta", "vida correta" e "Coração de Paz".

Temos que lembrar que a vida não é um problema, é um desafio. Ela nos apresenta oportunidades de crescimento, notadamente nos setores que mais necessitamos. Por detrás dos problemas existem lições, desafios, tarefas. E grande ventura tomará conta de nós quando vencermos os obstáculos que a vida nos apresenta. O sermão da Montanha é a pura prova de que somente serão bem aventurados aqueles que souberem superar as dificuldades da vida. Se não acreditarmos, basta olharmos as pessoas felizes e verificar que todas elas passaram ou passam por grandes provas e expiações. Lembremo-nos dos primeiros cristãos, que seguiam cantando até a arena onde seriam devorados pelas feras.

Lembremo-nos da felicidade de Francisco de Assis, conquistada na humildade, na pobreza e no serviço ao próximo. O santo da humildade era moço rico, mas vivia amargurado na riqueza que possuía. Só encontrou a paz depois que se entregou à riqueza do espírito. Não nos esqueçamos de que Paulo de Tarso, que na condição do poderoso Saulo era infeliz, mas voltou a viver após o célebre encontro com Jesus na Estrada de Damasco. Paulo perdeu o poder temporal, mas encontrou a felicidade pessoal. Gandhi encontrou a sua felicidade na luta pela paz. Madre Tereza e Irmã Dulce, apesar dos inúmeros padecimentos que sofreram, conseguiram encontrar a felicidade na felicidade que podiam proporcionar aos desvalidos do caminho. Albert Schweitzer, médico, laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1952, encontrou a felicidade vivendo 52 anos de sua vida entre os povos primitivos da África.


Como esquecer a permanente alegria de Chico Xavier? E olhem, que problemas na vida não lhe faltaram. Várias vezes perguntaram-no se ele estaria disposto a passar por todas as provas que a vida lhe marcou. E a resposta, já conhecida de todos, é que faria tudo de novo e que pretende no mundo espiritual, continuar a sua tarefa de médium.

Então, amigos, a alegria de viver deve ser uma norma de conduta natural em todos os seres pensantes, mesmo quando não se exteriorizam conforme desejaríamos. Isto porque, as ocorrências do dia-a-dia alteram-se a cada instante, transformando tristezas em júbilos como felicidades em infortúnio.

Vicente de Carvalho considerou que a felicidade existe, mas é difícil de ser alcançada, porque está sempre onde a pomos e nunca a pomos onde estamos.

As estradas que levam à felicidade fazem parte de um método gradual de crescimento íntimo, cuja prática só pode ser exercitada pausadamente, pois a verdadeira fórmula da felicidade é a realização de um constante trabalho interior.

Nosso principal objetivo é progredir espiritualmente e, ao mesmo tempo, tomar consciência de que as circunstâncias felizes ou infelizes de nossa vida são o resultado direto de atitudes distorcidas ou não, vivenciadas ao longo do nosso caminho.

Construímos castelos no ar, sonhamos irrealidades, convertemos em mito a verdade, e por entre ilusões românticas, investimos toda a felicidade em relacionamentos cheios de expectativas coloridas, condenando-nos sempre a decepções crônicas.

Ninguém pode nos fazer felizes ou infelizes, somente nós mesmos é que regemos o nosso destino, somos herdeiros de nossos atos. Assim sendo, fracassos ou sucessos são subprodutos de nossas atitudes construtivas ou destrutivas.

A destinação do ser humano é ser feliz. o ser psicológico esta fadado a uma realização de plena alegria, mas, por enquanto, a completa satisfação é de poucos, ou seja, somente daqueles que já descobriram que não é necessário compreender como os outros percebem a vida, mas sim como nós mesmos a percebemos, conscientizando-nos de que cada um de nós tem uma maneira única de ser feliz. Para sentir as primeiras ondas do gosto de viver, basta aceitar que cada ser humano tem um ponto de vista que é válido, conforme sua idade espiritual.

É sempre fácil demais culparmos um cônjuge, um amigo ou uma situação pela insatisfação de nossa alma, porque pensamos que, se os outros se comportassem de acordo com os nossos planos e objetivos, tudo seria invariavelmente perfeito.

Esquecemos, porém, que o controle absoluto sobre as criaturas não nos é vantajoso e nem mesmo possível. A felicidade dispensa rótulos e nosso mundo seria mais repleto de momentos agradáveis se olhássemos as pessoas sem limitações preconceituosas, se a nossa forma de pensar ocorresse de modo independente e se avaliássemos cada indivíduo como uma pessoa singular e distinta.

Felicidade não é simplesmente a realização de todos os nossos desejos, mas sim, a noção de que podemos nos satisfazer, com nossas reais possibilidades. A felicidade nós a encontraremos na harmonização, no amor verdadeiro, na renúncia e no desprendimento. Nós a encontraremos ainda, dedicando-nos aos que sofrem, procurando amenizar-lhe as dores.

Na verdade, sintetizado o que foi falado, a felicidade é a certeza da imortalidade.

Face a todas essas conjunturas que se fizeram objeto de nossas reflexões, consideramos que o trabalho interior que produz felicidade não é simplesmente meta de uma curta etapa, mas um longo processo que levará muitas existências, através da eternidade, nas muitas moradas na Casa do Pai.

Por que?

Neste mundo transitório, tudo passa. Passam a alegria, a tristeza, o júbilo e a dor. Aqui, a felicidade também é rápida.

Disse-nos Jesus: "O meu reino não é deste mundo", equivalendo dizer que a verdadeira felicidade é um estado de permanência e que a verdadeira plenitude será um dia alcançada, em alguma das muitas moradas do Pai. A felicidade não pode ser algo tão transitório.

Allan Kardec, interpretou no Evangelho, que a felicidade não é desse mundo. Não quis, ele, afirmar que aqui é um vale de lágrimas, um inferno, mas sim, que este mundo é uma escola. E como toda escola, existe a disciplina e quem não respeita estas disciplinas precisa ser reeducado, no nosso caso, precisa voltar, reencarnar.

A felicidade não é deste mundo, nos diz o Evangelho, mas começa aqui, ela se realiza nos seus alicerces, para quando viajarmos deste mundo sejamos plenos e felizes.

Por isso o Espiritismo preconiza a crença da imortalidade da alma, comprovada cientificamente em pesquisas realizadas nos laboratórios. O Espiritismo é uma ciência de observação, nos dá (mostra) uma filosofia de comportamento; explica de onde viemos, quem somos, para onde vamos e porque estamos aqui, aquelas perguntas iniciais, lembram?.

A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade, ao bem que fizemos aos outros. Portanto, a caridade essencial é aquela que transforma o indivíduo, que erradica as causas da miséria e não aquela que mantém o miserável; mas a que muda a estrutura moral do indivíduo. É a caridade do perdão, do esquecimento das ofensas. É uma atitude de sublimação, pois nos diz o Evangelho: "Fora da caridade não há salvação". Não importa no que cremos, importa o que somos, é claro que o ideal é caminharmos junto aos ensinamentos do Mestre.

A religião Espírita ajuda-nos a sermos corretos, porque nos explica e mostra que somos responsáveis pela nossa vida, nós é quem a escrevemos. Deus não nos castiga, não nos premia, nós é que construímos através do livre-arbítrio. É aí que entra a felicidade de servir.

A arte de viver é a arte de servir. Feliz é quem ama, não aquele que se faz amado. Felicidade é a arte de exalar alegria, a proposta da felicidade é esta auto-superação, da dominação das nossas más inclinações.

Somos filhos de Deus. A felicidade é possível e já, não precisamos transferi-la. Quando buscamos e achamos Deus, não reclamamo-no mais, podemos dizer a este Pai que amamos a vida, amamos o amor.

Encaremos a vida com os olhos do bem, com a visão do amor e com o concreto desejo de olharmos à nossa volta e verificarmos que o Pai tudo nos legou para que a nossa felicidade se efetive já. Abençoemos o trabalho em que a vida nos situou; santifiquemos a família terrena do jeito que os familiares são; enfrentemos com dinamismo e alegria os obstáculos da vida e assim, amando e servindo, haveremos de encontrar a felicidade que há muito tempo espera por nós.


Cristiane Bicca

domingo, 21 de junho de 2015

Recesso Junino




Prezados leitores,

Devido à festividade junina do São João em nossa região faremos uma pequena pausa em nossas postagens e retornaremos normalmente a partir do dia 25/06.
Desejamos a todos um São João de muita Paz e alegrias.

Um abraço fraterno!

Carlos Pereira - Manancial de Luz

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O Amor a si Mesmo


"Os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca aos saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, para o tentar, propôs-lhe esta questão: - 'Mestre, qual o mandamento maior da lei?' - Jesus respondeu: 'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. - Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.' "
(S. Mateus, cap. XXII, vv. 34 a 40.)

A palavra "amor" ao longo do tempo vem sofrendo o desgaste natural proveniente dos equívocos humanos quanto ao seu real significado.

Fala-se muito em "amor" contudo, paradoxalmente, vive-se pouquíssimo este sentimento que se constitui na expressão máxima do ser humano em suas manifestações afetivas, em todos os níveis.

Há que se perguntar, por quanto tempo, o homem continuará ignorando as dores do seu próximo, as suas necessidades espirituais e a premência de que mãos fraternas se estendam, espontaneamente, para restabelecer-lhes a esperança, a confiança em dias melhores, a certeza de que irmãos ajudam irmãos, sempre; de que não estão sós.

Não falo da ajuda material, mas desta que dificilmente é praticada, porque exige a doação de nós mesmos, do que possuímos de melhor; exige nosso tempo, nossa atenção: a caridade moral.

"Em verdade, o exercício da aprendizagem do amor inicia-se pelo amor a si mesmo e, consequentemente, pelo amor ao próximo, chegando ao final à plenitude do amor a Deus.

Esses elos de amor se prendem uns aos outros pelo sentimento de afeto desenvolvido e conquistado nas múltiplas experiências acumuladas no decorrer do tempo em que nossas almas estagiaram e aprenderam a conviver e melhorar.

Muitos de nós nos comportamos como se o amor não fosse um sentimento a ser aprendido e compreendido. Agimos como se ele estivesse inerte em nosso mundo íntimo, e passamos a viver na espera de alguém ou de alguma coisa que possa despertá-lo do dia para a noite. (...)

O amor a Deus e aos outros como a si mesmo é noção que se vai desenvolvendo pelas bênçãos do tempo. As belezas do Universo nos são reveladas à proporção que amamos; só assim nos tornamos capazes de percebê-las cada vez mais e em todos os lugares.

(Do livro Um Modo de Entender - uma nova forma de viver, psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hammed, cap. 2)"

Quando o Meigo Nazareno nos convida ao exercício do "amor ao próximo", está claramente nos incitando a iniciar este processo a partir de nós mesmos; provocando a reflexão e a conclusão ao questionamento : eu acredito no amor?

A resposta nos motivará a sua não vivência ou a reformulação completa da forma como temos nos conduzido em nossa relação conoscos mesmos e com o nosso próximo. Em quanto de fraternidade, misericórdia e compreensão temos regado nosso comportamento.

Contudo, o que vem ocorrendo no mundo, notadamente com os cientistas da área da saúde não é de se surpreender: de sépticos passaram a aceitar que a mente, o hábito da oração e os sentimentos mais nobres podem acelerar e mesmo promover a cura de doenças. Os resultados são surpreendentes e incontestáveis. Que dizer, então, nos relacionamentos humanos, na convivência familiar, profissional, religiosa, etc.

"O amor que se deve oferecer ao próximo é consequência natural do amor que se reserva a si mesmo, sem cuja presença muito difícil será a realização plena do objetivo da afetividade.

Somente quando a pessoa se ama, é que pode ampliar o sentimento nobre, distribuindo-o com aquelas que a cercam, bem como estendendo-o aos demais seres vivos e à mãe Natureza."

(Do livro Garimpo de Amor, psicografia de Divaldo Pereira Franco, do Espírito Joanna de Ângelis, cap. 2)

Quem se ama, ama o seu próximo na mesma proporção. Compreende que deve dignificar a sua existência, assim como, deve proporcionar ao seu próximo vida digna. Compreende a finalidade superior da vida física, promovendo o seu crescimento espiritual e de quem o cerca.

Acima de tudo, respeita cada qual como é, com suas conquistas e dificuldades. Sabe esperar e entende que todos, no seu tempo, chegarão a perfeição para a qual foram criados. Tem a certeza íntima de que é um ser divino, trazendo dentro de si todos os recursos para ser feliz, ser luz e proporcionar ao seu próximo o que deseja para si.

Sequer conseguimos imaginar como seria o mundo dessa forma ... porque, em verdade, poucos de nós acredita nesta prática, mesmo conscientes de que alguém nos mostrou a possibilidade de concretizá-la: Jesus ! E, tantos outros que Lhe seguiram as pegadas.

Joanna de Ângelis, ainda no mesmo texto, nos ensina que:

"Esse auto-amor é constituído pelo respeito que cada qual se deve ofertar, trabalhando em favor dos valores éticos que lhe jazem latentes e merecem ser ampliados, de forma que se transformem em luzes libertadoras da ignorância e em paz de espírito que impregne as outras vidas.

Sem esse amor a si mesmo, a pessoa não dispõe de recursos para encorajar o seu próximo no empreendimento da autovalorização e do autocrescimento, detendo-se nas sensações mais grosseiras do imediatismo, longe dos estímulos dignificantes e libertadores.

O amor a si mesmo dá dimensão emocional sobre a responsabilidade que se deve manter pela existência e sobre o esforço para dignificá-la a cada instante, aprofundando conhecimentos e sublimando emoções, direcionadas sempre para as mais elevadas faixas da Espiritualidade.

Dessa forma, é fácil preservar-se as conquistas interiores e desenvolvê-las mediante a aplicação dos códigos da fraternidade e da compaixão, da caridade e do perdão.

A consciência de si mesmo, inspirada pelo auto-amor torna-se lúcida quanto aos enganos cometidos, ensejando-se oportunidade de reparação, ao tempo em que faculta ao próximo a compreensão das suas dificuldades na busca da felicidade.

Compreendendo a finalidade da existência terrena, a pessoa desperta para o amor a si mesma, trabalha sem desespero, confia sem inquietação, serve sem humilhação, produz sem servilismo e avança sem tensões perturbadoras no rumo dos objetivos essenciais da vida."

Continuando, orienta-nos quanto a forma pela qual conseguiremos conquistar o amor a nós mesmos, buscando as práticas que nos levem ao auto-descobrimento, ao conhecimento de nós mesmos, único meio de atingirmos a vivência do amor incondicional, puro, sincero, sem interesses escusos, que um dia unirá todas as criaturas.

Corroborando o que Joanna nos ensina, o Livro dos Espíritos, na questão 919, diz-nos que:

"919. Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

Resp. Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."

Para tanto, é preciso o enfrentamento conoscos mesmos, com as nossas mazelas e conflitos íntimos, dúvidas e incertezas. É premente que busquemos equacionar as questões internas que nos afligem e impedem o auto-amor e o amor ao próximo. Segurança interna, fé, esperança, são conquistas do espírito imortal, muitas vezes, a duras penas.

"O amor a si mesmo deve ser desenvolvido através da meditação e da autoanálise, porque, ínsito no ser, necessita de estímulos para desdobrar-se, enriquecendo a vida. (...)

Ninguém, que se disponha a amar sem resolver as inquietações internas, que lhe produzem desamor, que conspiram contra a autoestima, conseguirá o desiderato. (...)

Muitas vezes, a pessoa que se não ama, encontra motivos frívolos para justificar o sentimento de vazio existencial, transferindo para o próximo aquilo que gostaria de desfrutar ou de possuir.

São detalhes físicos, que parecem retirar o conforto e a satisfação pessoal, na aparência ou na constituição, dificuldades de inteligência, posição social, problemas na saúde que, sem dúvida, não merecem maior consideração, e deverão ser enfrentados de maneira positiva, diferente, proporcionando estímulos para novos enfrentamentos, vitória a vitória.

Durante muito tempo, a pessoa coleciona o azinhavre da insatisfação consigo mesma, atribuindo-se fracassos que, em realidade, jamais ocorreram, infelicidades que não têm justificação, quando fazem comparações com outras pessoas que acredita ditosas e sem problemas."

Ter uma visão correta da vida; colocar cada coisa no seu devido lugar; valorizar, na medida certa, as situações-desafio, sem desmerecê-las, tampouco, exagerá-las; ter clareza mental para perceber que nada acontece por acaso e que se soubermos "ter olhos de ver e ouvidos de ouvir" cada experiência se constituirá em lição inesquecível e proveitosa, é-nos a grande cartilha a aprender.

Por isso, este Espírito valoroso, Joanna de Ângelis, assim nos fala:

"Ao começar a amar-se, descobre que são as pequenas coisas, aquelas aparentemente sem grande importância, que constituem significados alentadores.

Momentos de solidão para autoanálise e reflexão, instantes de prece silenciosa, refazimento através da música, de caminhadas tranquilas, de carícias a crianças ou animais, de cuidados com plantas, flores e adornos vivos, sentindo a vida fluir de todo lado.

Em outras ocasiões, conversações edificantes, destituídas de objetivos imediatistas, cuidados com a alma, preservando-lhe a lucidez em relação aos deveres e aos compromissos que lhe dizem respeito.

A seguir, é necessária uma avaliação daquilo que é útil em relação ao que é secundário e a que se atribui significado exagerado.

O amor a si mesmo desempenha uma ação autoterapêutica, porque liberta dos conflitos de autopunição, de autocensura e de autocompaixão.

A compreensão dos próprios limites e possibilidades enseja um sentimento de alegria pelo já conseguido e de encorajamento em relação ao que ainda por ser alcançado.

No cultivo desse propósito, o egoísmo não consegue alojamento, porque não há a ambição de posse ou de domínio, de superioridade ou de vitória, senão sobre as próprias paixões perturbadoras."

Com todas as reflexões que nos leva a Doutrina Espírita a empreender acerca do tema ora enfocado, não há como não concluir que, visão equivocada será aquela que nos conduzir a prática da desvalorização de nós mesmos, de não vislumbrarmos as possibilidades que trazemos em prol do nosso crescimento e do próximo, quer a nível material quanto espiritual, de que, em verdade, devemos nos amar, tanto quanto, deveremos amar o nosso próximo, desejando-lhe tanto bem quanto o que desejamos para nós.

No entanto, a grande lição que fica é a de que não conseguiremos amar o nosso próximo se sequer nos amamos. É preciso identificar em nós os motivos do desamor, buscando motivações para nossa transformação real, sem desculpismos mas, simplesmente, aceitando as nossas limitações e compreendendo que podemos superá-las se formos firmes em nossa vontade de alcançar a paz, a alegria de viver, a felicidade, o amadurecimento espiritual...



Nadja Cruz de Abreu

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Paz Interior


A Simplicidade e a indiferença pelas coisas materiais revelam paz
interior, luz, autoconhecimento.
Quando o homem descobre, dentro de si, o Criador,
Ele o vê em toda parte, ao redor de si...
Serena todo o seu interior...
Cessam todas as dúvidas...
Desaparecem todas as angústias...
Os horizontes se ampliam...
Não há mais a presença da insegurança, do medo, da desolação...
O homem enxerga o mundo como ele é, sem fantasias, fronteiras,
nem temores...
Calam-se todas as queixas...
O homem alcança a liberdade no pensamento, no sentimento,
nas palavras e nas ações...
É responsável e solidário com a humanidade...
O bem, o amor, tomam conta de toda a sua vida...
Está repleto de Deus, consegue ser feliz na felicidade do outro...
Não reclama, não agride, é compreensivo em todas as questões existenciais.

Caro amigo,
Aquele que fez consciência no poder do Criador, não se deixa abater por nenhuma emergência do processo evolutivo terreno. Alcançou suficiente domínio de si mesmo, faz exercício de autocontrole pelo autoconhecimento.

Corajosamente, administra todo o processo existencial, sem desespero, sem dúvidas ou sentimento de injustiça.

Nossa felicidade depende de nossa paz interior.

A resignação consciente significa conquista da serenidade.

Luz, fé, paz.

O abraço afetuoso,

Leocádio José Correia

Do livro Serenidade, médium Maury Rodrigues da Cruz

sábado, 13 de junho de 2015

Divaldo Franco realiza Workshop “Em Busca da Plenitude”


Por Júlio Zacarchenco

Um público numeroso foi ao workshop ministrado por Divaldo Franco

"Em Busca da Plenitude" foi o tema do evento, que se realizou no dia 3 de maio, no Centro de Convenções da Bahia."

No primeiro domingo de maio, dia 3, no Centro de Convenções da Bahia, na cidade de Salvador, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco realizou, como estava previsto, um workshop sobre o tema “Em Busca da Plenitude”. O evento teve início às 8h30 e foi encerrado às 13h30, compondo-se de 3 módulos.

Priscila Beira e alguns familiares apresentaram belíssimas canções, que encantaram o público. E a emoção prosseguiu intensa, com uma linda homenagem ao médium, na forma de apresentação powerpoint, preparada por Jorge Moehlecke.

É cediço que Divaldo possui uma agenda de atividades doutrinárias intensa e exaustiva. Em março, ele cumpriu um roteiro de palestras e seminários em 6 cidades dos Estados Unidos da América, nas duas costas daquele país, após o que, retornou para o Brasil para vários outros compromissos de divulgação espírita; e, em meados de abril, seguiu para outra viagem internacional, a fim de proferir conferências e seminários em Espanha e Portugal. Vitimado por uma pneumonia e atendendo criteriosamente à recomendação médica, antecipou em dois dias o seu retorno ao Brasil, para poder seguir adequadamente o tratamento que lhe fora prescrito. A série de palestras e workshops que seriam realizados em diferentes países europeus, já a partir do início de maio, foi cancelada, para o integral cumprimento do tratamento médico.

Mais de 2.000 pessoas participaram do evento

Entretanto, por estar demonstrando ótima recuperação, Divaldo confirmou a sua participação no evento deste domingo. Superando as próprias limitações físicas, o médium espírita subiu ao palco do Centro de Convenções da Bahia sob os aplausos do público de mais de 2.000 pessoas que lotava o auditório, que ali prestava o seu preito de gratidão e reconhecimento pelo ato de profunda renúncia, generosidade e amor de Divaldo, o qual iniciou sua fala declarando, “ipsis verbis”, que “na seara de Jesus, a maior honra é podermos trabalhar, a fim de alcançarmos a plenitude”; e, num ato de grande humildade, pediu escusas pelas dificuldades físicas que apresentava e acrescentou que haveria de fazer todo o esforço que lhe estava ao alcance para cumprir com a tarefa, uma vez que tinha adotado em sua vida Jesus, como exemplo, modelo e guia.

Fato a ser destacado é que, em suas primeiras palavras, sua voz apresentava-se um tanto enfraquecida, algo perfeitamente natural para alguém com o quadro clínico de pneumonia; entretanto, em breves minutos, a voz foi dotada de nova energia, volume, evidenciando a todos o poder da fé e da intervenção espiritual superior na vida e obra desse missionário espírita.

Autoencontro é o encontro com o deus interno

Evocando a frase de Erasmus, eleita por Carl Gustav Jung, Divaldo proclamou: “convidado ou não, Deus sempre está presente”; e, dessa forma, desenvolveu o workshop, demonstrando que o encontro com a plenitude ocorre como o coroamento do processo da viagem interior e do autoencontro, que é o encontro com o deus interno, isto é, a nossa realidade divina.

Dentro do processo antropossociopsicológico, foi ressaltada a evolução dos instintos às primeiras emoções, e do pensamento, como base fundamental das emoções, tendo sido recordadas as questões que sempre ocuparam a atenção da Filosofia: qual a finalidade e o sentido da vida; qual a razão dos sofrimentos; por que sofremos?

Mencionando Platão, um dos precursores do Espiritismo, e baseado nos ensinos da codificação espírita, Divaldo falou sobre o mundo das ideias ou mundo causal (dimensão espiritual) e afirmou que a finalidade da Filosofia é preparar os indivíduos para o enfrentamento da morte física e que o sentido maior da existência é a própria imortalidade.

Em breve retrospectiva histórica do pensamento filosófico, na qual tratou do mito de Perséfone, das doutrinas de Aristóteles, Schopenhauer, Nietzsche, esclareceu como o pessimismo e o ceticismo invadiram as mentes humanas, principalmente a partir do século XV d.C., e a resposta da Divindade às necessidades humanas, com a chegada do Espiritismo, no século XIX, reconhecidamente o Consolador prometido pelo Cristo.

A dor é um processo natural na existência humana

A Doutrina Espírita, afirmou Divaldo, trouxe-nos a demonstração científica e lógica dos princípios da imortalidade da alma, da reencarnação e da comunicabilidade dos Espíritos. Pela lei do livre-arbítrio, pela lei de causa e efeito e pela reencarnação, ficaram perfeitamente compreensíveis as causas atuais e anteriores das aflições, as quais atestam a justiça perfeita de Deus. Pelas existências sucessivas, como ficou explicado, é que conseguimos adquirir novos conhecimentos, passar por novas experiências e adquirir virtudes, ao tempo em que eliminamos as nossas imperfeições morais, a que Carl G. Jung denominava o lado sombra da criatura humana. Esse seria a única e verdadeira forma de se conquistar a plenitude.

Divaldo relembrou que a dor é um processo natural e inevitável da existência, mas que o sofrimento decorre da forma como lidamos com a dor, de maneira que a terapia para o sofrimento e também a sua profilaxia residem no exercício do Amor desinteressado, da caridade pura, praticando-se a abnegação e a humildade, a fim de que seja possível experimentar-se a verdadeira felicidade.

Após o coffee-break, Cláudio e Íris Sinoti, psicoterapeutas espíritas e estudiosos da série psicológica de livros de Joanna de Ângelis, apresentaram uma análise espírita das quatro nobres verdades de Buda, demonstrando que o caminho para o encontro com a plenitude leva-nos, necessariamente, ao enfrentamento do sofrimento e de suas causas, para o esforço de erradicação da fonte geradora dos mesmos.

No final, o público cantou o “parabéns pra você”

Para o encerramento do workshop, Divaldo Franco retornou ao palco e narrou algumas histórias contendo exemplos de vida, como a da enfermeira sobrevivente do genocídio armênio, narrada no livro “Perdão Radical”, do autor Brian Zahnd, e a do médico americano Dr. Dean Ornish que possuía grande conflito com relação ao seu pai, narrada na obra “Amor e Sobrevivência”, de sua própria autoria. Com isso, mostrou que o sofrimento tem uma face positiva, sendo tanto um recurso terapêutico para a alma quanto um verdadeiro método educacional para o progresso do ser humano, que sente-se, assim, impulsionado a realizar a viagem interior para o autodescobrimento e a libertação dos grilhões que o retêm na inferioridade espiritual.

Para completar o seu pensamento, Divaldo concitou a todos para que colocássemos o Cristo vivo e atuante no âmago de nosso ser, de modo que o Amor e o Autoamor possam ser vividos em todas as suas possíveis manifestações, especialmente na forma do perdão e do autoperdão e, também, no serviço ao próximo, atingindo-se, dessa maneira, o estado de paz interior, que é a própria plenitude.

Após bela visualização terapêutica com os presentes, o público, em pé, cantou o “parabéns pra você”, celebrando os 88 anos de existência física de Divaldo Franco, que seriam completados dois dias depois, no dia 5 de maio, demonstrando imenso carinho e o reconhecimento pela vida franciscana de abnegação, humildade e Amor ao próximo desse missionário do Cristo.


Fotos e reportagem Jorge Moehlecke.
Fonte: O Consolador

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Reencarnação: Caminho para Plenitude


Por Américo Domingos Nunes Filho

A Doutrina Espírita é riquíssima em informações a respeito da necessidade da reencarnação como caminho primordial e exclusivo para o espírito na busca do Infinito dentro de si; empreitada já conquistada pelo excelso Mestre Jesus, situando-se na primeira ordem da escala evolutiva que é a dos espíritos bem-aventurados ou puros (Q. 160 de “O Livro dos Espíritos”- “OLE”).

O QUE ENSINA A DOUTRINA DOS ESPÍRITOS SOBRE A OBRIGATORIEDADE DO MERGULHO NA CARNE?

Assim como toda a criação, o Cristo foi gerado simples e ignorante e se “instruiu nas lutas e tribulações da vida corporal, percorrendo todos os graus da escala evolutiva, despojando-se de todas as impurezas da matéria”, conforme ensinam as questões 133 e 113 de “OLE”.

É na vibração mais densa, portanto, que o ser espiritual escolhe o seu caminho: “ Se não existissem montanhas, não compreenderia o homem que pode subir e descer; se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros” (Q.634 de “OLE”).

Diz o insigne Léon Denis, na obra “Depois da Morte”, que a alma só adquire conhecimento no homem (FEB, pág. 124). No livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, esse ilustre pensador enfatiza que “só no homem a alma acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente...”.

Segundo a codificação kardeciana, “a união do Espírito e da matéria é necessária” (Q.25 de “OLE”), já que “os espíritos têm que sofrertodas as vicissitudes da existência corporal” (Q.132 de “OLE”) e “são felizes de conformidade com o grau de desmaterialização a que hajam chegado” (Q. 231 de ”OLE”).

Kardec diz: “a vida do espírito se compõe de uma série de existências corpóreas, cada uma das quais representa para ele uma ocasião de progredir” (Q.191 de “OLE”).
Quando aborda, na escala espírita, a Segunda Ordem, correspondendo a dos Bons Espíritos, a Doutrina Espírita relata que esses seres têm “ predominância sobre a matéria”, embora “não estando ainda completamente desmaterializados” (Q. 107 de “OLE”).

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, São Luís ensina que “ a passagem dos espíritos pela vida corporal é necessária para que possam cumprir, com a ajuda de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confiou; ela é necessária a eles mesmos porque a atividade que são obrigados a desempenhar ajuda o desenvolvimento de sua inteligência” (item 25, cap. IV).

Realmente, a pluralidade das existências é a via única para o alcance da plenitude espiritual. A conquista do Reino de Deus, imanente em todos os seres, no momento em que no estado de perfeição a que chegaram, “percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria” e “não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, não se acham mais submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material” (Q. 113 de “OLE”).

Os ensinamentos grifados acima, retirados da codificação espírita, revelam enfaticamente que a reencarnação é incontestavelmente o exclusivo caminho para a evolução do ser espiritual. Corroborando essa afirmativa, na obra “Obras Póstumas”, encontra-se o seguinte enunciado: “ A encarnação dos espíritos está nas leis da Natureza; é necessária ao adiantamento deles e à execução das obras de Deus.

Pelo trabalho, que a existência corpórea lhes impõe, eles aperfeiçoam a inteligência e adquirem, cumprindo a lei de Deus, os méritos que os conduzirão à felicidade eterna . Daí ressalta que, concorrendo para a obra geral da criação, os espíritos trabalham pelo seu próprio progresso” (Cap. III, item 21).

A seguir, no item 24, do cap. XI, da obra básica doutrinária “A Gênese”, Kardec afirma que “a obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento do corpo, a sua segurança, o seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento, é a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação.

Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente”.

SEM A REENCARNAÇÃO, NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE O ESPÍRITO ALÇAR VOOS EM ALTA VIBRAÇÃO ESPIRITUAL

O Espiritismo nega a evolução do espírito na erraticidade, dizendo que se o indivíduo não reencarnasse, permaneceria estacionário, conforme revela a Q. 175 (a) de “OLE”.

Na obra “A Terra e o Semeador”, o confrade Salvador Gentile pergunta:
“Chico Xavier, por que se diz que o espírito para evoluir precisa encarnar? No Mundo Espiritual, ele não evolui? Qual a diferença principal entre as duas faixas de evolução quanto ao aprendizado?”

Corroborando a codificação kardeciana, o ilustre medianeiro diz que “internados no corpo terrestre é que somos instruídos a respeito da necessidade de mais ampla harmonização de nossa parte, uns com os outros, certamente porque, vivendo nas esferas espirituais próximas da Terra, com aqueles que são as criaturas absolutamente afinadas conosco, não percebemos de pronto as necessidades de aperfeiçoamento e progresso.

Numa comunidade ideal, com vinte, quarenta ou dez pessoas raciocinando por uma faixa só, estamos tão felizes que corremoso risco de permanecer estanques em matéria de evolução por muito tempo. Beneficiados com a reencarnação, o estacionamento é quebrado de modo natural...” (Chico, nessa resposta, respeitando a codificação kardeciana, diz que a estagnação do ser, na espiritualidade, é finda, naturalmente, sem qualquer conotação punitiva).

Nas paragens espirituais, o ser espiritual, ainda deficiente, em grande proporção, se mantém nas malhas do arrependimento e do remorso, desejoso de outras experiências na carne, aproveitando o abençoado esquecimento do passado para restaurar sua paz, retificando seu caminho de dívidas e dúvidas.

Na erraticidade, tudo o que ele adquire como aprendizado, o que o faz melhorar discretamente na faixa evolutiva em que se encontra, terá que ser testado na dimensão física; portanto, só ascende, subindo para outro degrau da escada evolutiva quando passar pelas provas e expiações. O indivíduo faz cursos de aprendizagem como um vestibulando, mas só pode se graduar, quando se tornar vitorioso após as provas e cursar com sucesso a universidade da vida na matéria. O que adquiriu na espiritualidade, com muita vontade e desejo, todavia, terá de ser posto em prática na vivência corpórea, como ensina a Q. 230 de “OLE”.

A OBRIGATORIEDADE DA REENCARNAÇÃO NA ARENA FÍSICA, SEGUNDO JESUS: “IMPORTA-VOS NASCER DE NOVO” (JOÃO 3:7-8)

Corroborando a Doutrina Espírita, enfatizando a necessidade primordial da reencarnação para a evolução do espírito, o amado Mestre Jesus, dialogando com o fariseu Nicodemos, ensinou: “Em verdade, em verdade, te digo: “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo” (João 3:3). “Não te maravilhes de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo” (João 3:7):

Segundo o Evangelho de Jesus, é obrigatório para todos os espíritos (é-vos) o renascimento na carne para conquistar o Reino de Deus, isto é, para encontrar dentro de si a divindade que lhes dá a vida e esse mergulho interior é obtido através das inúmeras oportunidades reencarnatórias (”O que é nascido da carne, é carne”).

NECESSIDADE DA REENCARNAÇÃO PARA A EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO

Sem a reencarnação não há progresso moral e intelectual do ser espiritual, porquanto a dimensão física é o palco propício à retificação dos equívocos e para amealhar novos impulsos do presente.

Através do mergulho na vibração mais baixa, o indivíduo é submetido a uma tenaz tirania biogenética, vivenciando múltiplas facetas na personalidade, com a presença de biótipos psicológicos de variados matizes e sofrendo a pressão do meio em que está inserido.

Tudo isso proporcionará a oportunidade impar de se defrontar com a possibilidade de conquistar uma colheita primorosa de novas experiências.

O homem é "um Espírito transeunte, reencarnado nesta Terra, peregrino imperfeito, em determinado grau educativo em romagem da perfectibilidade para perfeição que, pela educação conquistada ou a conquistar em reencarnações sucessivas e progressivas como ser pluriexistencial, atingirá o estado de Puro Espírito, isto é totalmente educado" (Ney Lobo, Filosofia Espírita da Educação, vol. 1).


Fonte: Artigo espírita Reencarnação Via Única para o Alcance da Plenitude?, do próprio autor.
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